Os primeiros contatos com a palavra: encontros e reencontros.
Durante os primeiros anos escolares e mesmo antes deles, meu
contato com livros foi muito restrito.
Não havia em minha casa estímulo à leitura, bem menos à escrita. Mas lembro-me de um livreto, que pertencia
a meu
pai, cuja capa já não existia e ficava bem guardado. Foi a
primeira leitura completa de um livro que fiz, por volta dos 8 anos.
Depois de
muitos anos, em 2011, é que descobri que se tratava de um cordel original:
" Zé Bico Doce, o rei da malandragem", de Paulo Nunes Batista. Fiquei
encantada, e o reli depois de muito tempo. Me serviu na elaboração de um TCC em
2011. Era fascinada por Cordel sem saber que tinha um em casa.
Li o primeiro romance por volta dos 9 anos, "O menino do dedo verde", como
exigência de escola. Gostei do
personagem, mas pouco compreendi da obra. Na faculdade o reencontrei e só então
o li com outro olhar e entendi a complexidade
do que era uma narrativa
fantástica, talvez tenha nascido aí minha predileção por esse gênero.
Recordo-me de com 13 anos ler "Dom Casmurro", confesso que não
gostei, e não entendi o motivo pelo qual o professor nos obrigou a ler um romance dessa complexidade na sétima série.
Conheci e compreendi "Dom Casmurro" em profundidade na
faculdade, e mais uma vez me surpreendi.
São histórias de
encontros e reencontros com obras fundamentais que marcaram minha infância e
cujos valores eu não poderia mensurar enquanto criança.
Meus primeiros contatos com a escrita foram difíceis, escrever
para mim era árduo já nos anos de alfabetização (7 anos). Era necessário que a
professora segurasse nas mãos para ajudar a cobrir os traços e formar as
vogais. Compor descrições, olhar para uma sequência de gravuras e elaborar uma
narrativa eram atividades recorrentes nas primeiras séries. Nos anos seguintes
vinham as famosas "redações",
nome equivocado para produção de textos de opinião. Ao longo do tempo
fui aprendendo sozinha a gostar de literatura e a falar em público, o que me
motivou a ser professora de Português.
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